sábado, 16 de março de 2024

Quem deseja seguir-me.?

Hoje em minha devocional me deparei com um verso no livro de Marcos 15:21, que me deixou impactada.

21 E obrigaram a Simão Cireneu, que passava, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar-lhe a cruz.”


Simão não estava na multidão gritando: “Crucifica-o”.

Ele estava vindo do campo, essa expressão é citada, pois dá a impressão que ele não estava dentro de Jerusalém, e ele também não poderia estar trabalhando pois ele como judeu guardava as tradições do sabath  . Ele ao chegar na cidade é surpreendido por esse chamado inusitado. Simão é obrigado pelos soldados a ajudar Jesus a carregar a sua cruz.

Não sabemos muito sobre este homem, o que sabemos é que ele era da cidade de Cirene ao norte da África. e estava ali por causa das festas judaicas, e que sua vida cruzou com a de Jesus no momento mais difícil do salvador.


Esse episódio é marcado pela cultura dos romanos que dizia que se algum romano estivesse carregando algo pesado, ele poderia mandar qualquer judeu carregar aquele fardo para ele até uma milha.

Na mente de um judeu isso era humilhante. Não é novidade para nós cristãos que Jesus era um fardo para aqueles homens da época. Por isso usaram essa lei para humilhar Jesus e constranger o homem Cirineu.


Jesus carregava a cruz com muita dificuldade, só o tronco se foi o caso, (pois alguns estudiosos acham que Jesus não carregou a cruz inteira. mas deixa essa briga para os eruditos). pesava aproximadamente 30 quilos. sem contar que quem carregava aquela cruz era 100% humano e 100% Deus. Então sim, ele estava esgotado, com dores no corpo, cabeça doía. Ele apanhou a noite toda. O psicológico extremamente abalado, lembram da noite de oração do monte das Oliveiras, como ali ele já estava em agonia, pois provavelmente ele viu toda a trajetória da cruz , através do Espirito Santo.  Os mesmo que aclamaram dias antes que ele era o “Filho de Davi” são os mesmos que agora diziam: “Crucifica-o”

Mas analisando mais de perto vejo algo maravilhoso nessa situação que os romanos causaram.

Simão tem um encontro com Jesus, Simão anda nas pisaduras do mestre. Embora não estivesse sido treinado pelo Senhor, fez um papel de fiel seguidor, mesmo que forçadamente.

Por ironia do destino tinha sido um outro Simão que disse a seu mestre. “ Nunca vou te deixar...se possível morro no seu lugar...” Deus Pai preparou um Simão para não abandonar seu filho numa hora de tanta dor.

O incrível é que este homem de Cirene provavelmente se tornou participante da igreja mais a tarde. Pois como Marcos iria ter detalhes da vida dele se não o conhecesse.

 Pois se ele fosse apenas um peregrino que visitava Jerusalém nessa ocasião ninguém iria mencionar o nome dele e de seus filhos, provavelmente ele foi impactado por Jesus em seus últimos momentos, e alcançou não só ele, mas todos da sua família, levando-os a viver intimamente a comunhão da Igreja.


O Apostolo Paulo cita o nome de um dos seus filhos na sua carta aos romanos (Rm 16:13), e faz menção da mãe deste, considerando-a como mãe.

13 Saudai Rufo, eleito no Senhor, e sua mãe, que tem sido mãe para mim também.

Os estudos arqueológicos encontraram um tumulo no vale de Cedrom e nesse tumulo encontraram ossuário, ou seja, uma caixa de pedra com ossos das pessoas que estavam enterradas ali, e em uma dessas caixas encontraram uma, com a inscrição “Alexandre, filho de Simão”. Na sua inscrição havia a localização de nascimento dessa pessoa “ de Cirene” ou Cirineu. Toda família estava sepultada ali. Eles eram pessoas de posses.

Imaginem a situação desse homem que foi forçado pela lei romana a ir contra a lei de seu povo. Pois foi justamente o que aconteceu. Pela lei judaica, ele não poderia tocar na cruz, pois era maldição. Ninguém  pode condenar Simão, pois quem gostaria de carregar a cruz de outra pessoa, sob o risco de ser condenado com ele. Ele não foi preparado para esse episódio, ele estava ali para uma celebração religiosa, e poderia se contaminar e não participar da festa da pascoa. A principio ele foi obrigado pelos romanos a carregar aquela cruz.

Mas vamos pensar que aquele sofrimento que ele presenciou, e foi participante ativo, toda dor que ele viu e também sentiu o trouxe pra perto de Jesus. Ele ficou lado a lado na dor do mestre.

Estaremos dispostos a seguir a Cristo mesmo nos momentos que isso implica carregar a sua Cruz? Ou ir contra os nossos “padrões” religiosos?

Nós como seres humanos não aguentaremos tamanha dor, nem podemos fazer tal comparação.

Foi nesse momento de dor e sofrimento que ele alcançou também  a um centurião, que foi testemunha ocular, que aquele homem daquela cruz era o filho de Deus. A partir daquele momento não restava dúvidas de tamanha injustiça, contra aquele que só fez o bem para todos que se aproximavam dele de coração.

 Todavia, Jesus, com um forte brado, expirou.
 Então, o véu do Lugar Santíssimo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo.
 E, quando o centurião, que estava bem em frente de Jesus, ouviu o seu brado e viu a maneira como expirou, exclamou: “Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus!”.(Mc 15:37-39).


Com certeza essa cruz era para ser carregada por Jesus, embora não fosse dele e sim nossa, essa dor era para ele pois assim os profetas anunciaram.

O profeta Isaías escreveu sobre toda essa trajetória da crucificação do Senhor Jesus.

Ele foi maltratado, humilhado, torturado; contudo, não abriu a sua boca; agiu como um cordeiro levado ao matadouro; como uma ovelha que permanece muda na presença dos seus tosquiadores ele não expressou nenhuma palavra. 8 Por intermédio de julgamento tirano ele foi preso. E quem pode falar dos seus descendentes? Pois ele foi ceifado da terra dos viventes; por causa dos erros do meu povo ele foi golpeado. 9 Deram-lhe uma sepultura com os ímpios, e ficou com o rico na sua morte, embora jamais tivesse cometido injustiça, nem houvesse qualquer engano ou inverdade em sua boca. 10 Contudo, foi do propósito de Yahweh, torturá-lo e fazê-lo passar por toda dor. E, embora o SENHOR o tenha feito como oferta pelo pecado da humanidade, ele verá a sua posteridade, prolongará os seus dias para sempre, e a vontade de Yahweh prosperará em suas mãos. 11 Logo depois do sofrimento ele contemplará o resultado da sua obra, o empenho de sua alma, e ficará satisfeito; mediante a sua sabedoria, o meu Servo, o Justo, justificará a muitos e tomará sobre si mesmo as más obras dos seres humanos. 12 Por este motivo Eu lhe darei uma porção generosa entre os grandes, e ele dividirá os despojos entre as multidões, porquanto ele derramou a sua própria vida até a morte, e foi contado entre os criminosos. Portanto, ele levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.



Convido a você a fazer uma reflexão comigo hoje.

Estamos prestes a celebração da Pascoa. Você seria capaz de carregar a suposta Cruz de Jesus.? Estaria lá presente em sua morte? Mas tenho uma novidade para você, ele não quer que você faça isso, até porque Simão o Cirineu já fez. Mas nós podemos fazer outra coisa:

“Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz dia após dia, e caminhe após mim.

Boa leitura.

Referências bibliográficas:  Bíblia Sagrada, aula vídeo do Professor e Arqueólogo Rodrigo Silva.